Qual a importância de definir limites para a publicidade dirigida a crianças?

Há algumas décadas, os profissionais de marketing descobriram uma mina de ouro para incrementar as vendas de vários produtos: as crianças. Desde então, as empresas deixaram de mirar os pais e passaram a elaborar suas propagandas para as crianças. Os adultos de hoje se lembram perfeitamente de um anúncio clássico em que os pequenos eram estimulados e distribuir pela casa bilhetes pedindo uma bicicleta. Provavelmente os pais daquela época não imaginavam onde essa situação poderia parar e as propagandas eram vistas com muita simpatia.

Atualmente, existe uma consciência maior de que as crianças são, em muitos casos, os grandes consumidores do lar e os grandes influenciadores na aquisição de vários produtos. Alguns pais já conhecem o perigo de deixar seus filhos diante de uma tela durante horas sujeitos ao bombardeio de anúncios. Em razão disso, muitos pais já tentam restringir o tempo de exposição a televisão, computador, tablet ou celular, porém essa tarefa é cada dia mais complexa se considerarmos a necessidade de conectividade nos dias de hoje. Uma simples consulta no Google já resulta em exposição de anúncios.   

Essa overdose de marketing sobre as crianças tem sido sentida na alimentação e, consequentemente, na saúde delas. O supermercado é um local onde proliferam anúncios para crianças. Isso ocorre desde a época em que os chocolates começaram a trazer surpresas, especialmente na época da Páscoa, e os cereais eram vendidos em embalagens super coloridas. Entretanto, nesses tempos ainda eram poucos os produtos destinados às crianças e, atualmente, existem vários corredores com alimentos ultraprocessados e cheios de gordura saturada empacotados com o desenho de personagens infantis. Essa não é a causa da obesidade em crianças, mas sabemos que elas são vítimas indefesas desse ataque das empresas de alimentos e que esse tipo de marketing exerce uma influência extremamente negativa nos hábitos alimentares delas.   

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem reforçado reiteradamente a recomendação de que seus Estados Membros tomem medidas para restringir a publicidade de alimentos não saudáveis para as crianças. Infelizmente, essa discussão ainda não ganhou a devida importância no Brasil, ainda que o país esteja dando passos importantes no sentido de promover uma segurança alimentar para a sociedade. Enquanto as autoridades do governo não colocam o tema em pauta, é necessário que a sociedade se organize e comece a refletir como essa política de marketing pode ser combatida.

Oito países já tomaram iniciativas para proteger as crianças da publicidade indevida para a idade delas. São eles: Canadá, Chile, França, Irlanda, México, Noruega, Taiwan e Reino Unido. O  México enfrenta uma situação particularmente delicada quanto a esse tema, pois é o país com maior taxa de obesidade infantil no mundo.

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