A ideia de que o amor é simplesmente um sentimento, que nos atinge e nos torna vítimas, foi duramente criticada pelo psicanalista Erich Fromm em seu livro “A arte de amar”. Para ele, o amor acontece e se desenvolve pelo esforço, que depende da capacidade de amar que cada ser humano carrega consigo. Esse ponto de vista é um balde de água fria para aqueles que acreditam no conceito de amor romântico.
O senso comum alimenta a ideia de que o amor é o suficiente para nutrir uma relação a dois. Mas não qualquer amor, seria um amor implacável e incontestável que sentimos quando nos apaixonamos. No entanto, sabemos que em várias ocasiões essa paixão passa, mais cedo ou mais tarde, e a relação a dois fica ameaçada pelo frágil pilar do amor romântico.
Graças a Rubia Goldoni, li uma matéria interessante do jornal The Guardian sobre o “realismo romântico”, do dia 10 de janeiro de 2017 e assinada por Alain de Botton, fundador da The School of Life. De acordo com o “realismo romântico”, há sete passos que podem ajudar um casal a evitar o divórcio. Todos eles passam por rever e desconstruir (para usar uma palavra da moda) mitos do amor romântico.
Embora eu esteja constantemente pensando num equilíbrio entre o romantismo e o pragmatismo, se é que ele existe, a matéria nos ajuda a refletir sobre o que Bauman chamou de “amor líquido”. Acredito que essa questão é mais antiga do que se pensa e que a ideia de fazer dar certo, como enfatiza Fromm, já é bem discutida na psicanálise. Os sete passos são importantes para concluir que a relação conjugal não dura necessariamente o tempo da paixão, mas a habilidade de amar tampouco deve ser superestimada. Trata-se de um encontro e, mais, de ir além da paixão.
Deixo o caminho para quem quer conhecer o The School of Life, que tem textos em português sobre muitos assuntos, inclusive psicologia.