Masculinidade, paternidade participativa e educação alimentar

A alimentação em nossa sociedade ainda é um território de domínio da mulher, que reproduz essa tradição atribuindo às filhas uma competência natural na preparação da comida. Os filhos, em geral, são tidos como bagunceiros e desajeitados nas atividades domésticas. Desde cedo, cultiva-se a ideia de que o homem precisa de uma mulher para manter a sua casa bem cuidada.

Essa construção está diretamente relacionada ao modelo de masculinidade da sociedade patriarcal, na qual o homem deve esperar que a mulher esteja sempre de prontidão para servi-lo. O mito da incompetência nata dos meninos para tarefas do lar é um ponto fundamental que sustenta essa expectativa de dependência. As famílias que questionam esse mito e oferecem a possibilidade de desenvolvimento das habilidades domésticas estão contribuindo na formação de um novo modelo de masculinidade para os meninos.

Um dos reflexos dessa nova masculinidade são homens que se tornam participativos na educação alimentar dos filhos. Fazem questão de ir ao mercado escolher alimentos, opinam e preparam refeições, dividindo com as mulheres essa responsabilidade e cuidado. Embora essa mudança seja desejada pelas mulheres, que estão quase sempre sobrecarregadas com as atividades do lar, pode torná-las inseguras sem o controle e a mesma autoridade que detinham nesse espaço doméstico.

A paternidade participativa é um desdobramento natural da masculinidade saudável. Se quisermos um pai envolvido com a alimentação dos filhos, vamos pensar antes na criança que precisa de liberdade e incentivo para se desenvolver na cozinha. Deve-se transmitir dentro de casa que esse lugar também é o lugar do homem, para que haja a promoção de uma educação alimentar inclusiva. A nova masculinidade que se deseja tem uma relação forte com o lar e isso deve ser fortalecido, sobretudo, dentro da família. O filho que cresce perto do fogão será um pai preocupado e participativo na alimentação dos filhos.