Terapia Familiar Sistêmica versus Constelação Familiar

Vários terapeutas de casal e família já devem ter sido abordados e questionados sobre a Constelação Familiar, dada a confusão que se faz entre essas duas atividades terapêuticas. O breve texto abaixo tem como objetivo esclarecer de que se trata cada uma delas, numa linguagem acessível ao público leigo.

Terapia Familiar Sistêmica

Grupo de Palo Alto
Grupo de Palo Alto

A Terapia Familiar Sistêmica nasceu na metade do século XX com um grupo de pesquisa de Palo Alto, Estados Unidos, liderado pelo antropólogo Gregory Bateson. Esse grupo dedicou-se a investigar a participação da família na esquizofrenia de um indivíduo. Com base, sobretudo, na Teoria Geral dos Sistemas, de Ludwig von Bertalanffy, e na Cibernética, de Norbert Wiener, desenvolveram um teoria em que a família era vista como um todo, um sistema com características particulares. O paciente esquizofrênico desempenhava o papel de bode expiatório, pois foi identificada uma comunicação disfuncional entre os membros da família, que concentrava toda a tensão das relações no indivíduo enfermo a fim de promover um estado de equilíbrio sistêmico.

Várias outras teorias sistêmicas se desenvolveram tomando por base os conhecimentos do grupo de Palo Alto. As que mais se destacaram foram a Terapia Familiar Estrutural, de Salvador Minuchin, a Terapia Familiar do Grupo de Milão, a Terapia Familiar Estratégica, de Jay Haley e a Terapia Familiar Transgeracional, de Murray Bowen. A Terapia Familiar também recebeu grandes colaborações do Construtivismo e sofreu alterações no que diz respeito à postura do terapeuta, que passou a se valer de uma atitude espontânea no setting terapêutico e a integrar com a família um único sistema.

Além do reconhecido valor na psicoterapia conjugal e familiar, a abordagem sistêmica vem sendo largamente utilizada em pesquisas sobre violência intrafamiliar, dependência química, obesidade infantil, entre outros temas, e tem se mostrado relevante tanto na compreensão como na intervenção de um grande número de famílias. O curso de Terapia Familiar Sistêmica, em geral, é destinado a profissionais da área de saúde, na maior parte das vezes a psicólogos e médicos, como pós-graduação Lato Sensu (especialização).

Constelação Familiar

Bert Hellinger
Bert Hellinger

A Constelação Familiar ou Sistêmica é um método desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger na década de 1990, influenciado pela Fenomenologia, Hipnoterapia, Terapia Familiar e Análise Transacional, entre outras, que buscar intervir em conflitos interpessoais originados no sistema familiar. Não se trata de psicoterapia (ver nota do Conselho Federal de Psicologia), mas uma técnica de representação grupal utilizada em workshops que aborda três leis naturais do relacionamento humano: hierarquia, pertencimento e equilíbrio. Recentemente, tem sido ampliada para incluir a dimensão espiritual.

Apesar da grande popularidade, Bert Hellinger é uma figura controversa e tem sido questionado por várias de suas posições, como o poema que escreveu dedicado a Hitler e suas interpretações das dinâmicas que envolvem incesto, câncer de mama e homossexualidade.

Ao contrário da Terapia Familiar Sistêmica, não existem estudos científicos que comprovem a validade da Constelação Familiar, embora haja numerosos relatos atribuindo resultados positivos ao emprego desse método.

O treinamento no método da Constelação Familiar é realizado por módulos (básicos e avançados) e não exige a formação em uma área da saúde. Portanto, não há relação entre a formação de um terapeuta familiar e um facilitador em Constelação Familiar.

Conclusão

A Terapia Familiar Sistêmica é uma teoria que surgiu na metade do século XX para compreender como funcionam os sistemas familiares e intervir mediante estratégias capazes de promover uma forma mais saudável de estabilidade. É uma abordagem amplamente usada em psicoterapia de casal e família, bem como utilizada em metodologias psicossociais e pesquisas no meio acadêmico.

A Constelação Familiar ou Sistêmica é um método terapêutico criado por Bert Hellinger no fim do século XX para intervir em conflitos interpessoais por meio de uma representação grupal, baseada em leis do relacionamento humano. O método é usado em workshops e a formação do facilitador, realizada por treinamentos em módulos.

⚠️ Este texto não pretende comparar as duas atividades terapêuticas nem emitir um juízo de valor, apenas esclarecer as principais características e diferenças entre elas.

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Referências

https://en.wikipedia.org/wiki/Bert_Hellinger

http://www2.hellinger.com/en/home/

http://www.institutohellinger.com.br/

Nichols, M. P., & Schwartz, R. C. (1998). Terapia Familiar: conceitos e métodos (3 ed). Porto Alegre: ArtMed.